Á teoria de Ferreiro
A compreensão da escrita infantil passa por uma revolução com os estudos de Emília Ferreiro. A pesquisadora argentina, discípula de Jean Piaget, trouxe luz ao processo de aquisição da linguagem escrita em crianças. Suas pesquisas revelaram que crianças não simplesmente copiam o que veem; elas constroem seu próprio entendimento sobre a escrita. Esta compreensão evolui através de várias fases ou hipóteses, cada uma representando um passo crucial no caminho para a alfabetização.
Fases da Hipótese de Escrita
Hipótese Pré-Silábica
Nesta fase inicial, a criança entende que a escrita é diferente do desenho, mas ainda não associa letras com sons específicos. As letras são usadas aleatoriamente, sem compreensão de sua correspondência sonora. Por exemplo, uma criança pode escrever “MDA” para “casa”.
Hipótese Silábica
Aqui, a criança começa a entender que as letras representam sons, geralmente associando uma letra a cada sílaba falada. Por exemplo, “CS” para “casa”. Ainda é um entendimento rudimentar, mas um avanço significativo em relação à fase anterior.
Hipótese Silábico-Alfabética
Neste estágio intermediário, a criança mistura a lógica silábica com a alfabética. Ela reconhece que algumas sílabas são representadas por uma letra, enquanto outras exigem mais de uma. Por exemplo, “CaSa” para “casa”.
Hipótese Alfabética
A fase alfabética marca o entendimento de que cada som (fonema) pode ser representado por uma letra (grafema). Aqui, a criança já é capaz de escrever “casa” corretamente, refletindo a compreensão completa da relação entre sons e letras.
Implicações Pedagógicas
Compreensão sobre o Processo de Aprendizagem
Os estudos de Ferreiro revolucionaram a pedagogia ao mostrar que a aprendizagem da escrita é um processo ativo de construção de conhecimento. Este entendimento ajuda educadores a respeitar o ritmo individual de cada criança, reconhecendo as diferentes fases como etapas naturais de desenvolvimento.
Estratégias de Ensino
Com base nas hipóteses de Ferreiro, os educadores podem desenvolver estratégias mais eficazes para ensinar a escrita. Isso inclui atividades que respeitam o estágio atual da criança e desafios que a incentivem a avançar para o próximo nível.
Avaliação Diferenciada
Entender essas fases permite uma avaliação mais justa e adequada do progresso da criança. Em vez de medir apenas a correção ortográfica, a avaliação pode focar no desenvolvimento conceitual da escrita.
Conclusão
Os estudos de Emília Ferreiro transformaram a alfabetização, mostrando que ela é um processo dinâmico e construtivo. Reconhecer as diferentes hipóteses de escrita permite aos educadores apoiar melhor as crianças em sua jornada única de aprendizado, respeitando seus ritmos e peculiaridades individuais.